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Semaglutida no combate à esteatose hepática: o que dizem os estudos atuais?

Índice

A esteatose hepática é uma condição comum que pode levar a problemas hepáticos graves. A semaglutida tem se mostrado promissora no tratamento dessa condição. Saiba como ela age e o que os estudos dizem sobre sua eficácia. Entenda mais sobre esse assunto!

Médico apontando com uma caneta para um modelo anatômico de fígado sobre uma mesa, explicando a estrutura e possíveis condições hepáticas, com estetoscópio no pescoço.

A esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado, é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. 

Afeta cerca de 25% da população mundial e pode levar a problemas mais graves, como hepatite não alcoólica e cirrose se não for tratada. 

Recentemente, a semaglutida, um medicamento originalmente desenvolvido para diabetes tipo 2, tem atraído atenção no tratamento da esteatose hepática. 

Neste artigo, abordaremos o que é a esteatose hepática e sua prevalência, como a semaglutida age no tratamento dessa condição e o que os estudos atuais revelam sobre sua eficácia. Leia até o final e saiba mais!

O que é a esteatose hepática e por que é uma preocupação?

A esteatose hepática, ou gordura no fígado, ocorre quando há um acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas. Essa condição pode ser dividida em duas categorias principais:

  • Esteatose Hepática Não Alcoólica:
    • Relacionada a fatores como obesidade, diabetes tipo 2, e hipertensão.
    • Afeta cerca de 25% da população global e é mais comum em pessoas com sobrepeso e diabetes.
  • Esteatose Hepática Alcoólica:
    • Decorrente do consumo excessivo de álcool.
    • Menos comum que a Esteatose Hepática Não Alcoólica, mas ainda significativa em populações com padrões de consumo elevados.

A condição pode ser assintomática inicialmente, mas pode evoluir para condições mais graves, como hepatite e cirrose. 

A esteatose hepática está associada a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e metabólicas. Portanto, a detecção e tratamento precoces são cruciais para prevenir complicações.

Como a semaglutida age no tratamento da esteatose hepática?

A semaglutida é um medicamento que atua como um agonista do GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon), originalmente desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2. Seu mecanismo de ação pode ajudar no tratamento da esteatose hepática de várias maneiras:

  • Controle glicêmico:
    • Redução dos níveis de glicose: Melhora o controle glicêmico, o que é benéfico para pacientes com diabetes tipo 2, uma condição frequentemente associada à esteatose hepática.
    • Aumento da sensibilidade à insulina: Facilita a utilização de glicose pelas células, reduzindo o acúmulo de gordura no fígado.
  • Perda de peso:
    • Efeito sobre o apetite: A semaglutida reduz o apetite e ajuda na perda de peso, o que pode diminuir o acúmulo de gordura no fígado.
    • Impacto na gordura corporal: A perda de peso geral contribui para a redução da gordura hepática.
  • Efeitos metabólicos:
    • Melhora no perfil lipídico: Pode reduzir níveis elevados de lipídios no sangue, que estão associados à gordura no fígado.
    • Redução da inflamação: Pode ajudar a diminuir a inflamação hepática, que é um fator na progressão da esteatose para a esteato-hepatite.

Esses efeitos combinados fazem da semaglutida uma opção promissora para o tratamento da gordura no fígado.

O que os estudos atuais revelam sobre esse tratamento?

Os estudos mais recentes sobre a semaglutida no tratamento da esteatose hepática têm mostrado resultados promissores, destacando várias descobertas importantes:

  • Eficácia na redução da gordura hepática:
    • Estudos clínicos demonstraram que a semaglutida pode reduzir significativamente a gordura no fígado em pacientes com esteatose hepática não alcoólica.
    • Alguns estudos mostram que até 40% de redução na gordura hepática foi observada em pacientes tratados com semaglutida.
  • Segurança e tolerabilidade:
    • Efeitos colaterais: A semaglutida é geralmente bem tolerada, com efeitos colaterais menores, como náuseas e diarreia, que tendem a diminuir com o tempo.
    • Monitoramento: Estudos recomendam monitoramento contínuo para ajustar a dosagem e gerenciar possíveis efeitos adversos.

Essas evidências sugerem que a semaglutida pode ser uma opção eficaz para tratar a esteatose hepática, junto com o tratamento da síndrome metabólica e obesidade. 

Lembrando sempre que a indicação do tratamento deve ser sempre feita por um médico e individualizada! Nem todos vão se beneficiar do mesmo tratamento.

Se você recebeu diagnóstico de esteatose hepática não deixe de procurar um médico e fazer acompanhamento.

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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