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Resumo do transplante com doador cadáver

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Transplante doador cadáver - Por Prof. Dr. Luiz Carneiro - USP - Hospital das Clínicas Divisão de Transplante de Fígado

O fígado é um dos principais órgãos do corpo humano, responsável por cumprir diversas funções como o metabolismo de nutrientes, o processamento de hormônios, o armazenamento e liberação da glicose, além de participar ativamente do processo de digestão, entre outros.

É por isso que o ser humano não pode sobreviver sem esse órgão, e quando há complicações nele, diversos distúrbios ocorrem na saúde. Como doenças sérias podem afetar o fígado, muitas vezes é necessário que o paciente seja submetido ao transplante de fígado com doador cadáver.

Neste artigo falaremos um pouco a respeito desse ramo da medicina e você conhecerá um pouco da sua história, além de como é feito esse processo desde a escolha do doador até o método em si. Continue lendo para saber mais.

Um pouco da história do transplante de fígado doador cadáver

O primeiro transplante de fígado foi realizado nos Estados Unidos pelo Dr. Thomas Starzl, em 1963. O paciente era uma criança de três anos que entrou em óbito durante a cirurgia. Após esse episódio e ainda no mesmo ano, mais dois transplantes foram realizados pelo mesmo médico e os pacientes também vieram a óbito.

Mas no ano de 1967 o Dr. Thomas realizou um procedimento que possibilitou a sobrevivência do paciente por um período mais longo, mas ele acabou falecendo em função de um câncer que já tinha antes da realização do transplante.

O primeiro transplante bem-sucedido na América Latina aconteceu em 1968, realizado pelo Dr. Marcel Cerqueira César Machado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Após esse episódio bem-sucedido, a técnica vem passando por diversas inovações e desenvolvimentos ao longo dos anos. Cada vez mais aumenta o número de transplantados, o que está possibilitando salvar muitas vidas.

Indicação do transplante de fígado

A principal indicação do transplante de fígado é para os pacientes que sofrem com cirrose hepática. Isso porque ela causa danos irreversíveis para as células desse órgão, interferindo em suas funções. Esse problema pode ser causado por hepatites do tipo B, C e autoimune, as cirroses biliares primária e secundária, além do consumo excessivo de álcool e casos de colangite esclerosante, entre outros.

O fígado a ser doado pode provir de vários tipos de doadores , com diversas idades e causas de óbitos. Dê preferência,  os doadores jovem e sadio, cujo o óbito tenha ocorrido há pouquíssimo tempo e imediatamente tenha sido atendido são uma das melhores apresentações de doadores, mas nunca um pre requisito e nem mesmo uma obrigatoriedade. Devemos incentivar a todos a doarem seus órgãos, pois todos podemos ser doadores, independente da idade e cauda do óbito.  Isso para prevenir a deterioração dos órgãos vitais, o que é segura que o fígado estará em boas condições e aumenta as chances de ser bem aceito pelo receptor.

Etapas da realização do transplante de fígado com doador cadáver

Para que uma pessoa seja candidata a receber um fígado doado por cadáver ela precisa estar inscrita na lista de espera, que é única para todos os pacientes. Existe uma lista também para crianças e adolescentes, que segue os mesmos parâmetros da anterior.

Cada paciente ocupa um lugar de acordo com seu tipo sanguíneo e é classificado com um valor correspondente à urgência do caso. Dessa forma, é possível dar preferência para quem está na frente e tem um caso mais grave.

Para que o fígado seja doado é preciso que a família do doador autorize a retirada do órgão e a transplantação em outra pessoa. Todo o processo de doação de órgãos respeita a lei vigente no país e a confirmação da morte encefálica do doador.  Obtida essa autorização, uma equipe especializada faz a retirada do órgão e ele é preservado em uma solução especial para que seja transportado até o local do implante.

Durante todo o processo o paciente é totalmente monitorado e acompanhado para assegurar a estabilidade da sua saúde e a aceitação do fígado. Na fase do pós-operatório, é fundamental adotar uma série de cuidados para que o órgão transplantado não seja rejeitado pelo organismo e possa ocorrer a devida recuperação.

Caso o fígado não cumpra as suas funções depois de transplantado para o receptor, ele precisa voltar à fila de espera, mas então passa a ser priorizado para receber um novo órgão urgentemente.

O transplante de fígado com doador cadáver é uma técnica utilizada em todo o mundo e bem estabelecida, que precisa ser realizada por uma equipe altamente especializada e no momento certo. Isso para que o paciente possa receber um órgão de boa qualidade e seu organismo esteja pronto para isso, aumentando as chances de sucesso do procedimento.

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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