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Transplante de Fígado na Febre Amarela | Prof. Dr. Luiz Carneiro

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O transplante de fígado na febre amarela é uma exceção, absoluta exceção, dos pacientes com febre amarela 85% têm uma forma mais benigna, que tem uma evolução normal de uma doença viral. 10 a 15% desses pacientes podem ter uma forma muito grave de febre amarela, que é o comprometimento do fígado, e não é só do fígado pode ser também do pâncreas, do estômago com o sangramento do tubo digestivo, eles podem ter comprometimento pulmonar e também em alguns casos comprometimento neurológico com crise convulsiva ou ficando em coma, com confusão mental.

Então é uma doença nesses 10% a 15% muito complexa, como já disse uma parte pode ter destruição do fígado e nesses pacientes que têm o comprometimento do fígado com as enzimas do fígado, como ST, LT muito alto, com distúrbio de coagulação e que fazem coma.

Existe na nossa opinião hoje, ainda não opinião sedimentada e definitiva, espaço para transplantes. Mas é um pequeno número dos pacientes com febre amarela e que nos parece ser a única opção nessa situação.

Resultado do transplante de fígado na febre amarela

O resultado final do transplante de fígado na febre amarela ainda está em avaliação. Nós ainda estamos coletando os dados, porque existem muitos centros no estado de São Paulo, já foram feito em alguns hospitais, já foi feito no Rio de Janeiro, já foi feito em Minas Gerais e alguns centros.

Então nós temos vários centros fazendo o transplante de fígado em diferentes condições hospitalares, com diferentes recursos de estrutura. Nós temos agora que coletar esses dados para dar uma resposta definitiva.

A minha impressão pessoal é que em casos muitos selecionados, ele pode ter um papel benéfico sim.

Existe uma pressão para que o transplante de fígado seja limitado aos pacientes mais jovens. Nós consideramos que a grande maioria dos doentes que têm febre amarela e que nós temos atendido são muito jovens, na faixa de 15 a 30 anos. Esses são os que mais se comprometem pela doença. Então é uma doença muito grave, uma população muito jovem e que acho que nessa situação crítica, desesperadora, o transplante pode ser um recurso.

Temos raramente, dois ou três doentes com a faixa etária mais velha, na faixa de 60 anos. Nesses doentes a evolução foi muito grave e nós não tivemos tempo de pensar em transplante, que a evolução foi muito rápida. Então, se o doente tiver que chegar mais precocemente, acho que até os 60 anos 65 anos, devemos considerar assim a possibilidade do transplante, não são jovens.

Mas isso é um critério que está muito em avaliação, quanto a idade do paciente. Porque é uma doença muito grave, e a chance de um paciente já mais idoso, com uma forma tão grave de doença, se submeter a uma cirurgia desse porte sobreviver diminui muito.

Um transplante intervivos não tem papel na febre amarela, porque é uma doença muito grave e o doente precisa de um fígado inteiro e um ótimo estado geral. Esse é um aspecto.
Segundo aspecto, é uma doença muito rápida que agem horas, seria praticamente impossível preparar um doador em tão poucas horas porque nós precisamos de tomografias, nós precisamos de ressonância magnética e exames de sangue, afastar doença infecciosa.

Quer dizer, a evolução da febre amarela é muito rápida, hiper aguda e esse preparo levaria tempo, então eu acho que no momento atual só transplante com doador com morte encefálica mesmo.

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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