O transplante de fígado é uma cirurgia crucial para pacientes com doenças hepáticas graves, onde o fígado doente é substituído pelo de um doador compatível. No entanto, a compatibilidade sanguínea não elimina o desafio de evitar a rejeição do novo órgão pelo sistema imunológico do receptor.
Neste post, falaremos sobre as estratégias terapêuticas pós-transplante, desde a preparação até o tratamento contínuo. Confira!
Preparação e Uso de Medicamentos
No transplante de fígado, o órgão é retirado de uma pessoa e transplantado para outra. Embora possam ter o mesmo tipo sanguíneo, a compatibilidade é o critério seguido. Os órgãos transplantados são estranhos para o receptor, exigindo a redução da resposta imunológica para evitar a rejeição. O sistema imunológico é projetado para destruir o que é estranho ao corpo, e é necessário controlar essa resposta para garantir a aceitação do órgão transplantado.
Durante o transplante, são utilizados medicamentos para suprimir o sistema imunológico do receptor. Geralmente, isso ocorre na fase em que o paciente está sem o fígado doente e durante a preparação para o procedimento cirúrgico. Uma dosagem de corticoide é administrada, sendo este um imunodepressor potente e essencial para o processo.
Estratégias e Complicações
Em alguns casos, especialmente em pacientes com maior risco de complicações renais, são adicionados outros medicamentos durante essa fase, com doses repetidas nos dias seguintes. O rituximab é um exemplo desses medicamentos, utilizado para reduzir a rejeição e minimizar o uso de outros imunossupressores, os quais podem acarretar complicações. A diminuição da defesa imunológica para prevenir a rejeição também aumenta o risco de infecções, sendo uma consideração importante durante o tratamento.
Ao contrário de outros órgãos, o fígado não representa um grande desafio no transplante. Assim que o paciente desperta da cirurgia, é iniciado imediatamente o uso do imunossupressor, base do tratamento pós-transplante.
Tacrolimo
O Tacrolimo, um medicamento administrado por via oral, é combinado com corticoides durante o primeiro mês. Durante esse período, é realizada uma adaptação com base nos níveis séricos do medicamento, garantindo sua eficácia e segurança.
Monitoramento e Ajustes
Durante o tratamento, busca-se manter o nível sérico do imunossupressor dentro de uma faixa adequada, monitorando os exames de sangue. Caso haja indícios de rejeição, evidenciados pelos resultados dos exames hepáticos, a imunossupressão é intensificada. Inicialmente, as doses costumam ser mais elevadas, mas ao longo do tempo, são reduzidas juntamente com o número de medicamentos.
Pacientes mais jovens apresentam maior propensão à rejeição, n o entanto, indivíduos bem nutridos, com boa reserva orgânica funcional, podem se beneficiar da introdução de outros medicamentos, como o micofenolato e a mofetila. Cada um desses medicamentos atua de maneira distinta no sistema imunológico, ampliando as opções terapêuticas disponíveis.
Tratamento
O tratamento adota uma abordagem escalonada, começando com múltiplos medicamentos e ajustando conforme a resposta do paciente. Gradualmente, os medicamentos são retirados, inicialmente o corticoide e depois o mofetil fenolato. No caso do fígado, muitas vezes, resta apenas uma terapia imunossupressora mínima, geralmente baseada em tacrolimo, que deve ser administrado continuamente ao longo da vida.
Em determinados casos, como em pacientes com problemas renais ou tumores, pode-se substituir o tacrolimo pelo everolimo. Além de ser um imunossupressor, o everolimo é menos prejudicial aos rins e, em certas circunstâncias, pode ser utilizado como agente quimioterápico. Essa estratégia visa simplificar o regime terapêutico, facilitando a administração e melhorando a adesão ao tratamento.
Em resumo, a terapia imunossupressora é mais intensiva nos estágios iniciais do tratamento, sendo progressivamente simplificada ao longo do tempo. A maioria dos pacientes, após alguns anos, utiliza apenas uma única medicação, administrada de maneira conveniente, uma vez pela manhã e outra à noite.
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