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Consigo viver sem parte do fígado?

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Não é possível viver sem o fígado, mas existe a possibilidade de sobreviver depois de retirar uma parte dele. Aliás, esse é um procedimento realizado com o intuito de tratar pacientes com problemas hepáticos, como tumores, uma técnica fundamental para a preservação da vida.

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O ser humano consegue sobreviver sem alguns órgãos, como no caso da vesícula e até mesmo do estômago. Mas existem alguns considerados vitais, ou seja, não podemos viver sem eles. É o que acontece com o fígado. 

Mas e se uma pessoa precisasse retirar apenas um pedaço do seu fígado? Será que seria possível sobreviver apenas com uma parte desse órgão? E o que aconteceria dali em diante com essa pessoa? 

Neste artigo vamos esclarecer se é possível viver sem uma parte desse órgão tão importante. Continue lendo para descobrir a resposta.

É verdade que o Fígado se regenera? 

O fígado é um órgão muito especial, e que realiza diversas funções fundamentais para a manutenção da vida. Por isso ele é classificado como um dos órgãos vitais, sem os quais não é possível sobreviver. 

Entre as muitas características que envolvem esse órgão, uma das mais marcantes é o fato de que ele consegue se regenerar. É verdade que o fígado multiplica suas células para se recuperar de alguma lesão e voltar a ter o tamanho que tinha antes de ser lesionado. 

Entretanto, vale lembrar que nem sempre o tecido que o fígado cria é funcional. Dependendo do tipo de agressão que esse órgão sofreu, ele não vai desenvolver células que vão compor um tecido saudável, mas sim um tecido cicatricial, ou seja, uma cicatriz. 

Esse tecido é mais duro e fibroso do que aquele saudável e característico do fígado, por isso, as lesões repetitivas que esse órgão sofre podem fazer com que gradativamente ele perca o seu tecido saudável e passe a apresentar fibrose, um problema precursor da cirrose, que leva à perda das funções hepáticas.

Então, uma pessoa pode viver sem parte do Fígado? 

A resposta é sim, uma pessoa, independentemente da sua idade, consegue sobreviver se tiver uma parte do seu fígado removida. Mais da metade desse órgão pode ser retirada sem que isso ofereça risco de vida para a pessoa. 

Isso acontece porque, como explicamos, o fígado é um órgão que tem a capacidade de se regenerar. Sendo assim, logo após a retirada de uma parte dele, já começa a se recuperar multiplicando suas células para compor um tecido novo. Ele consegue atingir o tamanho próximo ao normal em cerca de oito a doze semanas. As funções completas podem se normalizar dentro de seis a oito semanas.

Em quais situações é preciso retirar uma parte do Fígado?

Uma pessoa pode perder uma parte do seu fígado por causa de algum acidente, por exemplo, mas também existem casos em que é feita uma cirurgia para remoção de uma porção desse órgão. Esse tipo de procedimento é recomendado para o tratamento do câncer hepático. A cirurgia para retirada do fígado é chamada de hepatectomia.

Existem casos em que a pessoa tem um fígado muito doente que já não pode mais ser tratado, como aqueles que já estão com a cirrose em um estágio mais avançado, ou também nos casos de câncer muito disseminado no órgão. A alternativa para problemas como esses, que comprometem o funcionamento do fígado, é a realização de um transplante. 

Além da doação de um novo fígado proveniente de doador cadáver, é possível que uma pessoa viva doe uma parte do seu fígado para aquele que está precisando. Essa é uma cirurgia muito comum principalmente para o tratamento de crianças, mas também pode ser realizada em adultos. 

Nesse caso, ambos os indivíduos, doador e receptor, vão permanecer por algum tempo com apenas uma parte do fígado, mas logo o órgão vai se regenerar. Em especial no caso do doador, os riscos são pequenos; o receptor precisa de uma atenção maior por causa da possibilidade de ocorrer a rejeição, mas esse problema é controlado por meio de medicamentos. 

Portanto, é possível uma pessoa viver sem parte do seu fígado, em especial porque esse órgão pode se regenerar e recuperar o seu tamanho normal. De toda forma, o ideal é cuidar bem dele para manter a sua saúde e integridade, evitando que um procedimento tão invasivo seja necessário. 

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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