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Como evitar o câncer de estômago causado pelo H. pylori?

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Nos últimos anos, o H. pylori tem sido objeto de muita atenção e pesquisa, especialmente no que diz respeito ao seu impacto na saúde digestiva. Mas o que exatamente é o H. pylori e qual é o seu papel? Vamos explorar isso mais profundamente nesse texto.

Inicialmente associado às úlceras estomacais, esse micro-organismo revelou-se muito mais do que se imaginava. Compreender sua transmissão, evolução do tratamento e quem deve ser tratado é crucial para lidar com essa condição de forma eficaz e preventiva. 

Neste texto, vamos explorar os principais aspectos dessa trajetória e suas implicações na saúde gastrointestinal. Confira!

Descoberta da H. pylori

A H. pylori é uma bactéria que foi descoberta no fim do século passado. Inicialmente, acreditava-se que ela estava associada apenas a úlceras estomacais, o que rendeu um prêmio Nobel ao pesquisador que a identificou. No entanto, estudos mais recentes revelaram uma ligação mais complexa entre a H. pylori e uma variedade de condições de saúde.

Na época, também se descobriu que transmissão da H. pylori acontecia principalmente através da água contaminada, que era muito comum em caixas d’água e locais de tratamento de água, o que causa desafios em termos de prevenção.

Evolução do tratamento

Devido à alta incidência da doença na época, a Organização Mundial de Saúde, recomendou que se a pessoa tivesse sintomas decorrentes da H. pylori, como dor de estômago, dispepsia, dificuldade de digestão, queimação e dor, a pessoa deveria ser tratada, mas, se não tivesse doença ativa, essa pessoa deveria ser observada. Essa decisão foi tomada, pois tratar 60% da população com antibiótico de maneira preventiva, teria um custo para a sociedade enorme.

Agora, anos depois, passou-se a observar que alguns tipos de linfoma são diretamente associados a H. pylori, e que o tratamento correto da H. pylori faz essas lesões desaparecerem. Além disso, também existem outras doenças que não regridem e que a H. pylori possivelmente tem uma participação muito importante. Porém, infelizmente não é possível tratar todo mundo, pois é um tratamento muito caro.

O tratamento é relativamente simples, um pouco longo, mas é muito eficaz e cura a grande maioria dos casos. Mas, a gente não tem como evitar tomar água ou esse cuidado de se recontaminar. 

Quem deve ser tratado?

Dentro desse contexto, se a pessoa tiver sintomas e mais que 30 anos, ou se for persistente mesmo com menos que 30 anos, é preciso fazer uma endoscopia e ver se ela tem infecção pela H. pylori. Já em pacientes assintomáticos, ou seja, que não sentem nada, e tem menos de 40 anos, nós recomendamos fazer nada, mas, depois dos 40 anos recomendamos endoscopia e a colonoscopia para prevenir problemas no futuro. 

Então, se hoje você for sintomático e tiver H. pylori, nós temos que tratar, porque essa prevenção pode evitar doenças graves no futuro, mas, se você for assintomático, principalmente se for jovem, não precisa se preocupar, porque a incidência é muito grande e o diagnóstico é muito fácil. Ao fazer a endoscopia, colhemos o material e fazemos o teste ali na hora, e você já sai sabendo se tem ou não a infecção, e aí se discute se tratar ou não.

Conclusão

Procure seu médico, converse com o seu gastroenterologista ou seu cirurgião do aparelho digestivo, para que nessa troca de ideias possa então surgir o que é melhor para você. E fique tranquilo, que na grande maioria das vezes, mesmo que apareça a lesão pseudotumoral ela é tratada e regride com o tratamento da H. pylori em si.

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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