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Pólipo na vesícula: fazer ou não a cirurgia

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Pólipo na vesícula: fazer ou não a cirurgia? | Por Prof Luiz Carneiro CRM 22761 | Diretor do serviço de transplante e cirurgia do fígado do hospital das clínicas da faculdade de medicina da USP.

Você sabia que um pólipo também pode se formar na vesícula biliar? Mas quando acontece a sua formação, será que é necessário fazer a retirada desse pequeno tecido por meio da cirurgia, ou existe algum outro tipo de tratamento mais indicado?

Vamos responder essas e outras perguntas neste artigo. Então, continue lendo para que você entenda, afinal, o que é um pólipo e também quando o procedimento cirúrgico é recomendado para fazer o seu tratamento.

O que é um pólipo na vesícula?

Pólipo é uma pequena lesão que cresce na parede da vesícula biliar e se projeta para dentro desse órgão. Trata-se de um pedacinho de tecido semelhante a uma verruga, porém, pediculado, ou seja, se fixa na vesícula por uma pequena porção de tecido parecida com uma haste, que lhe dá sustentação. Sendo assim, um pólipo, diferente de uma verruga, tem uma certa mobilidade.

Essa formação é o resultado de processos inflamatórios ou o excesso de colesterol. Nesse caso, trata-se de uma lesão benigna que não está relacionada com câncer. Porém, existe a possibilidade de um pólipo ser maligno, e se transformar ou ser carcinoma da vesícula biliar.

O pólipo pode desencadear sintomas?

O pólipo na vesícula na grande maioria das vezes não apresenta sintomas ou eles são tão sutis que podem ser despercebidos ou confundidos com outras condições. Tanto que normalmente são descobertos quando a pessoa é submetida a exames de ultrassonografia de rotina e muitas vezes assintomática; ou decorrentes para tratamento de outros problemas, como pedras na vesícula ou cólicas.

De toda forma, quando essa lesão estimula respostas orgânicas o indivíduo pode sentir dor abdominal do lado direito (cólica biliar), náuseas, vômitos e outras alterações associadas à via biliar e pâncreas.

É necessário fazer uma cirurgia para retirar o pólipo?

Quando um pólipo na vesícula é identificado são necessários exames mais aprofundados para analisar essa formação e avaliar o melhor tratamento. Isso porque, no caso de formações pequenas, com menos de 0,5 – 1 cm e que não estão associadas a cálculos na vesícula, ou seja, assintomáticos, pode-se optar por fazer acompanhamento clinico, laboratorial e de imagem a cada 3 a 6 meses.

O procedimento cirúrgico esta geralmente indicado quando:  o pólipo já está maior do que 1 cm, pólipos associados a cólica biliar, pólios associados a alterações laboratoriais; crescimento do pólipo num curto espaço de tempo; pólipo séssil ou base de inserção larga; pólipo com longo pedículo; idade do doente superior a 50 anos; coexistência de litíase vesicular; pólipos localizados no infundíbulo da vesícula ou alterações ecográficas na parede vesicular. Esses achados e indicação são importantes devido a possibilidade de ser uma formação polipoide ser uma lesão pré maligna, transformação cancerosa ou mesmo já um adenocarcinoma de vesícula. Então, mesmo que ele não esteja associado a cálculos vesiculares é feita a retirada desse órgão.

Um estudo demonstrou que 52,6% dos pólipos vesiculares menores que 1 cm eram lesões pediculadas neoplasicas. Outro estudo reportou que aproximadamente 30% dos pólipos entre 11 e 15 mm eram de colesterol. Distinguir entre lesões não-neoplásicas, neoplásicas e lesões potencialmente malignas tem sido o grande desafio diagnóstico.

A colecistectomia videolaparoscópica, consiste na retirada total da vesícula biliar por meio da colecistectomia, é o tratamento considerado padrão-ouro no tratamento dos pólipos não-neoplasicos.

É possível viver sem a vesícula biliar?

É claro que todas as estruturas do corpo humano têm a sua função e podem fazer falta ou não, dependendo de qual estrutura e sua indicação de ser retirado. Com isso, no caso da vesícula biliar é tranquilamente possível ficar sem ela, pois o organismo se adapta com a adequação dos hábitos alimentares e estilo de vida.

Isso porque esse órgão tem função de armazenar e concentrar a bile, colesterol, gorduras e fluidos, então ele libera a bile quando é necessário fazer a quebra de moléculas de alguns nutrientes e alimentos durante o processo digestivo. Sendo assim, como ela não ajudará na digestão é preciso que o cardápio esteja adequado para não haver desconforto.

Assim aqueles que precisam retirar a vesícula devem ter o cuidado de minimizar o consumo de gordura, reduzir o consumo de fibras, evitar a cafeína e alimentar-se em pequenas porções durante o dia. Principalmente nas primeiras semanas pós-cirurgia e com a adaptação o organismo vai se adequando ao hábito alimentar e estilo de vida.

Se você for diagnosticado com pólipo na vesícula é fundamental fazer avaliação médica para ter melhor consideração do comportamento da alteração. A retirada da vesícula nem sempre é necessária, mas se recomendada pelo médico é a medida mais eficaz para evitar o câncer.

Confira também, meu vídeo relacionado sobre o tema, abaixo:

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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