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Um doador falecido pode salvar a vida de até 15 pessoas

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O problema da falta de doadores é mundial?

No mundo oriental, Japão, Coreia, por motivos religiosos, eles não têm costume de doar, mas estão fazendo uma grande campanha e tem progredido e hoje já tem índices doação que já são bons.

Nós, no Brasil temos pouco doadores, muito insatisfatório. Na Espanha, temos 42 doadores por milhão. Aqui no Brasil, a nossa meta é 16,5 por milhão. Tudo porque não existe educação continuada, nós temos de ter educação de como abordar as famílias, num momento de dor, é muito difícil o neurologista chegar para a equipe médica e dizer: – esse paciente já tem critério de morte cerebral. Você chega lá e fala para a família: seu ente querido teve morte encefálica, não tem mais vida, você quer doar os órgãos. Então, essa abordagem gera negativa familiar, e se o doente não manifestar o desejo em vida ou não soubermos o que ele queria, a maioria das famílias vai negar.

Então uma maneira é que a gente se manifeste em vida deixando claro a nossa vontade.

Meu filho já sabe que eu sou doador, minha família já sabe. Então nessas situações, fica mais fácil a doação.

Outro cenário, o doente está grave com um trauma neurológico, caiu da moto, bateu a cabeça e por situações mais dramáticas levou ao trauma da cabeça e a equipe sabe que tem um problema neurológico e tem que contar com equipes treinadas que acompanham a família dizendo que se houve piora neurológica, existe a doação. Então, pessoas treinadas para dar notícias adversas procuram os parentes e aí as famílias vão entender o processo e saber que uma doação pode salvar 14,15 pessoas.  Uma única doação de uma vez.

Então, são situações diferentes, por isso que na Espanha há bons resultados. No Brasil, isso é um pouco de vontade. Em São Paulo, o índice de doação de 22, 23 doadores por milhão. Santa Catarina e Paraná já têm 40, 42 porque existe investimento e treinamento, o que faz com que haja uma grande diminuição da recusa familiar e também das equipes.

Também tem o outro lado, você notifica uma morte cerebral e a enfermeira da UTI ajuda a notificar e aquele doador não é usado porque teve recusa. Depois de 3,4, vezes perde-se o interesse pela falta de recompensa que alguém que fez a doação e beneficiou 15 pessoas. Aí isso gera uma cadeia, se tem negativas, as pessoas vão perdendo o interesse.

Precisamos educar, treinar as equipes médicas para que comunique as famílias que existe um risco de morte encefálica e quem puder doar, explicar e que as famílias tenham um tempo para decidir. Acho que esse é um aspecto muito importante que temos sempre que lembrar.

Espero que todos sejam doadores, para que isso gere uma cadeia positiva. É o que todos nós queremos.

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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