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Porque o transplante de intervivos pode ser uma alternativa melhor do que esperar por um fígado de um doador falecido?

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O transplante intervivos pode ser uma alternativa eficaz em alguns casos, especialmente quando há risco de progressão rápida da doença. Neste artigo, explicamos quais pacientes são candidatos ideais, os riscos envolvidos e por que nem todos estão aptos a receber esse tipo de transplante.

Doação de fígado com o doador vivo

Por que o transplante intervivos pode ser uma alternativa melhor do que esperar por um fígado de um doador falecido?

Essa é uma pergunta complexa, pois a resposta depende de diversos fatores clínicos. O paciente ideal para o transplante intervivos não é aquele em estado muito grave, próximo da fase terminal da doença, com debilidade intensa, perda muscular significativa e comprometimento geral da saúde. Isso porque, em muitos casos, o meio fígado pode não ser suficiente para garantir a recuperação.

Para que o procedimento seja bem-sucedido, é necessário que o fígado transplantado encontre um ambiente menos hostil. Pacientes hipertensos, diabéticos, desnutridos ou com baixa massa muscular, por exemplo, apresentam uma condição geral fragilizada. Nessas circunstâncias, a literatura médica e a experiência clínica demonstram que o transplante intervivos não é a melhor abordagem terapêutica.

Qual paciente é mais adequado?

É preciso conciliar diversos fatores ao considerar esse tipo de transplante. O paciente mais adequado é aquele com indicação clara para o procedimento, com benefícios evidentes e que ainda mantém uma reserva funcional suficiente para suportar o trauma cirúrgico. Além disso, deve ser capaz de enfrentar os desafios associados à doação, que incluem cicatriz abdominal, período de afastamento do trabalho e dor.

A análise cuidadosa da relação entre riscos e benefícios é fundamental. O ideal é que esse tipo de transplante seja indicado para pacientes com MELD de até 22. Está bem estabelecido que pacientes extremamente graves não são os mais indicados, mesmo que necessitem do transplante.

Entre os casos em que o transplante intervivos pode ser indicado estão pacientes com doenças autoimunes, cuja evolução aguda pode ser rápida, sem tempo para aguardar um doador falecido. Pacientes com câncer também podem se beneficiar, já que a evolução da lesão pode levá-los a perder o critério para transplante.

Há também situações de sintomas incapacitantes, como encefalopatia hepática grave, com perda de consciência recorrente, internações frequentes e quadros comatosos, o que torna inviável esperar longos períodos. Outros sintomas, como coceira intensa, podem afetar drasticamente a qualidade de vida do paciente.

Diante desses cenários, é essencial que o paciente e seus familiares busquem um cirurgião especializado em transplantes para discutir o caso com clareza. Existem, sim, situações em que o transplante intervivos oferece vantagens, e essa possibilidade deve ser avaliada com responsabilidade.

O cenário ideal envolve um doador potencial com consenso familiar, ou alguém disposto a doar mediante autorização judicial. No entanto, é importante ressaltar que pacientes em estado extremamente grave, já em fase terminal da doença, não são os mais indicados para esse tipo de transplante, devido ao alto risco de não suportarem o procedimento.

Tempo de regeneração do fígado após transplante

Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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