Fale conosco

Os desafios do Retransplante Hepático: como aumentar as chances de sucesso?

Índice

O retransplante hepático é realizado quando o fígado transplantado falha, e envolve desafios como escassez de órgãos e maior risco cirúrgico. No entanto, avanços médicos e avaliação criteriosa aumentam as chances de sucesso. Descubra mais sobre os critérios e desafios desse procedimento delicado.

Equipe médica realizando uma cirurgia em ambiente esterilizado, com iluminação cirúrgica destacando o centro da operação e profissionais concentrados.

O retransplante hepático, a substituição de um fígado transplantado previamente, consiste em um processo complexo que necessita de uma análise criteriosa antes de ser indicado. 

Embora seja a única solução viável para muitos pacientes, este procedimento carrega desafios, como a escassez de órgãos e uma taxa de mortalidade mais alta em comparação com o primeiro transplante.

Cerca de 5% a 20% dos receptores de transplante hepático necessitam de um retransplante devido a complicações como rejeição crônica, trombose arterial e falência primária do enxerto. 

Neste artigo, abordaremos as indicações e desafios específicos, fatores que influenciam o sucesso e avanços médicos e estratégicos acerca do retransplante hepático. Leia até o final e saiba mais!

Indicações e desafios do retransplante hepático

O retransplante hepático é indicado em casos de falência do enxerto, que pode ocorrer devido a:

  • Rejeição crônica: O sistema imunológico continua atacando o fígado transplantado, resultando em falência progressiva.
  • Complicações vasculares: Trombose da artéria hepática e outras complicações podem interromper o suprimento sanguíneo ao órgão.
  • Recorrência da doença: O retorno da doença hepática original pode prejudicar o enxerto.

A falência aguda do enxerto e a trombose da artéria hepática são as principais causas para um retransplante precoce, que ocorre geralmente nos primeiros 30 dias após o transplante inicial

Nos casos tardios, as causas principais são rejeição crônica e recidiva da doença hepática original. 

Fatores que influenciam o sucesso do retransplante hepático

O sucesso do retransplante hepático depende de múltiplos fatores, como:

  • Momento do retransplante: paciente está grave, com disfunção do enxerto, ou se está compensando
  • Saúde geral do paciente: Pacientes em boas condições clínicas antes do retransplante têm maior probabilidade de recuperação.
  • Critérios de seleção rigorosos: A inclusão em listas de retransplante é feita com base em sinais claros de falência do enxerto, considerando os mesmos critérios aplicados ao primeiro transplante.
  • Histórico de complicações no primeiro transplante: Pacientes que já enfrentaram complicações pós-transplante, como infecções ou rejeição aguda, têm maiores riscos no retransplante.

Além disso, fatores como idade avançada do paciente e altos escores de MELD (Modelo para Doença Hepática Terminal) estão associados a uma maior mortalidade no retransplante.

Avanços médicos e estratégicos para melhorar os resultados

Nos últimos anos, avanços tecnológicos e novos protocolos médicos têm melhorado as perspectivas para os pacientes submetidos ao retransplante hepático. Alguns desses avanços incluem:

  • Terapias imunossupressoras: Medicamentos mais eficazes para prevenir a rejeição, com menos efeitos colaterais.
  • Monitoramento molecular: Novas técnicas permitem identificar sinais de rejeição antes que os sintomas clínicos apareçam.
  • Técnicas cirúrgicas aprimoradas: Procedimentos mais precisos e minimamente invasivos estão reduzindo as complicações durante a cirurgia.
  • Uso de enxertos marginais e doadores vivos: Para contornar a escassez de órgãos, enxertos marginais e transplantes intervivos têm sido explorados como alternativas.

De acordo com a Rede de Aquisição e Transplante de Órgãos e o Registro Científico de Receptores de Transplantes (OPTN/SRTR), a taxa de sobrevivência em cinco anos após um retransplante hepático é cerca de 12% menor do que a taxa de sobrevivência do primeiro transplante. 

No entanto, em casos selecionados, o retransplante oferece uma segunda chance de vida com resultados a longo prazo favoráveis.

Gostou? Compartilhe!
Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
Saiba mais sobre o autor
Todos os comentários serão avaliados antes de serem aprovados.

Deixe o seu comentário!