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Como é a recuperação de um transplantado de fígado?

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Como é a recuperação de um transplantado de fígado? | Por Prof Luiz Carneiro CRM 22761 | Diretor do serviço de transplante e cirurgia do fígado do hospital das clínicas da faculdade de medicina da USP.

O transplante de fígado é uma cirurgia que ajuda a salvar a vida de pacientes que sofreram comprometimento das funções desse órgão. Hoje esse procedimento é feito com grande sucesso, mas é preciso adotar diversos cuidados e medidas para garantir a boa recuperação do paciente.

Isso se inicia assim que ele deixa a sala de cirurgia e prossegue durante toda a sua vida. Embora seja possível ter uma rotina normal seguindo com trabalho os estudos e outras atividades a pessoa precisa ser acompanhada por um especialista para garantir que o órgão transplantado não será rejeitado e outras complicações.

Neste artigo explicaremos um pouco sobre como é o processo de recuperação de quem fez o transplante de fígado. Continue lendo e entenda de que forma podemos garantir qualidade de vida para esses pacientes.

A recuperação após o transplante de fígado

A cirurgia de transplante de fígado tem sido realizada com altas taxas de sucesso. Mas o que garante uma boa recuperação para o transplantado são as suas condições clínicas gerais antes do procedimento e também a qualidade do órgão doado. Quando tudo está favorável ela acontece mais rápido.

De toda forma, o procedimento adotado segue um padrão e é adequado segundo as necessidades de cada paciente. Assim que a cirurgia termina inicia-se a fase de recuperação imediata, sendo que o paciente pode precisar ficar um ou dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Nesses primeiros dias ele é monitorado 24 horas, tendo suas funções vitais constantemente controladas e ainda são realizados exames laboratoriais para acompanhamento do seu quadro clínico.

Em poucos casos é necessário que os pacientes permaneçam com aparelhos para manutenção da sua respiração, mas de um modo geral os transplantados nos primeiros dias na UTI já estarão respirando espontaneamente. Todos recebem medicações para evitar infecções, dores e a rejeição do órgão.

Outras técnicas também podem ser necessárias ou fazem parte do procedimento padrão, como a drenagem abdominal, sonda nasogástrica e a sonda vesical. Quanto à alimentação, é necessário aguardar um período de 24 a 48 horas mantendo o jejum do paciente para então observar suas condições clínicas e analisar se ele já pode se alimentar por meio de dietas orais e leves.

Ao receber a alta da UTI o paciente é encaminhado para a enfermaria ou apartamento. Ali ele continua sendo monitorado por médicos e enfermeiros no período que varia de uma semana ou duas. Quando já está pronto para ir para casa recebe alta hospitalar, mas os cuidados não terminam, porque é necessário manter o acompanhamento ambulatorial.

Os imunossupressores

Uma das características do transplante de fígado que ainda não foi possível eliminar é o fato de que o organismo entende o órgão transplantado como um corpo estranho. Sendo assim, existe a possibilidade de ele ser “atacado” pelo sistema imunológico e acontecer a rejeição.

Isso pode ocorrer em qualquer momento da vida do transplantado, mesmo que ele já tenha permanecido muitos anos com o novo órgão. Em razão disso, é necessário fazer uso de imunossupressores durante toda a vida.  Existe uma parcela da população transplantada, reportada em estudos na literatura, cerca de 8 a 10% dos casos a longo prazo que poderiam ficar sem imunossupressores. Porém isso depende da avaliação critériosa e cuidados do médico assistente e do grupo segundo protocolos.

Essas medicações atuam impedindo que o organismo ataque o fígado, para que ele possa desempenhar as suas funções normalmente e não sofra lesões em função das defesas do corpo. As substâncias mais comuns utilizadas para alcançar esse resultado são os inibidores de calcineurina e os corticosteroides.

Após a cirurgia é preciso que o paciente receba uma dose maior desses medicamentos. Com o passar do tempo e de acordo com a resposta orgânica, o especialista pode reduzir a dosagem até que o paciente permaneça com o mínimo possível para evitar a rejeição.

Dessa forma conseguimos minimizar os efeitos colaterais dos imunossupressores, garantindo mais qualidade de vida para o transplantado. Ele pode seguir com uma rotina normal como qualquer outra pessoa, mas recebendo o acompanhamento periódico e utilizando os medicamentos indicados.

Em função da grande capacidade que o fígado tem de se regenerar são alcançadas boas taxas de sucesso com o transplante de fígado. Mas é preciso que o paciente receba os cuidados adequados e faça uso das medicações, além do acompanhamento médico. Dessa forma podemos observar o seu quadro clínico e adotar medidas e procedimentos corretivos quando necessário.

Confira também, meu vídeo relacionado sobre o tema, abaixo:

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Profº Dr. Luiz Carneiro
CRM: 22.761/SP
Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.
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