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Hepatite C e diabetes, qual a relação entre essas doenças?

Hepatite C e diabetes, qual a relação entre elas? - Por Prof. Dr. Luiz Carneiro - USP - Hospital das Clínicas Divisão de Transplante de Fígado

Com certeza você sabe que alguns problemas de saúde podem acabar desencadeando outros, abalando ainda mais o organismo de uma pessoa. E muitas vezes essas complicações e doenças secundárias são graves ou exigem atenção constante.

Isso é o que acontece com pessoas que são portadoras do vírus da Hepatite C. Não bastassem as complicações que essa doença pode trazer para o fígado, ela também deixa o organismo mais suscetível a outros problemas.

Neste artigo falaremos a respeito da relação entre a hepatite C e a diabetes. Você entenderá o que acontece no organismo de pessoas que têm esse vírus e saberá como isso pode estar relacionado com o excesso de glicose no sangue. Continue lendo!

O que o vírus da Hepatite C provoca no organismo do seu portador?

A hepatite C é uma doença que possui progressão lenta, o que significa que ela demora muito tempo para manifestar sintomas e complicações para o fígado. É por isso que muita gente convive com o vírus sem saber, e descobre isso apenas depois de décadas.

A Hepatite C também pode iniciar como uma doença silenciosa, podendo evoluir para doenças graves, como a cirrose e câncer de fígado. No entanto, todos os portadores do vírus C podem apresentar manifestações fora do fígado associadas ao vírus.  Uma destas é a Diabetes Tipo 2, que tem quatro vezes mais chance de ocorrer em portadores do vírus C do que em indivíduos sem o vírus.

O quadro assintomático ocorre porque o fígado tem uma enorme capacidade de se regenerar, mas isso não significa que a hepatite C não cause complicações antes de lesionar o órgão. O que ocorre é que o vírus atua de outras formas no organismo.

Ele interfere no modo como o corpo humano utiliza a insulina, produzida naturalmente pelo pâncreas, devido à alteração da resistência periférica a insulina. E é por isso que pessoas portadoras dele apresentam maiores chances de desenvolver a diabetes.

Como o vírus da Hepatite C interfere na insulina?

O corpo humano produz e libera a insulina naturalmente para que a glicose ingerida por meio da alimentação seja metabolizada do modo adequado. Pessoas que apresentam alguma disfunção na produção, liberação ou aproveitamento da insulina podem ter problemas com diabetes.

No caso do vírus da hepatite C, o que acontece é a capacidade do vírus de alterar a sinalização da insulina e impedir que ela regule o metabolismo da glicose no organismo. Em outras palavras, o vírus C contribui para a instalação da resistência periférica a insulina e, portanto, para o surgimento e a progressão do Diabetes Tipo 2.

As pesquisas indicam ainda que pacientes com Hepatite C e resistência periférica a insulina tendem a acumular mais gordura no fígado e a evoluir mais rapidamente da hepatite crônica para a cirrose. Além disso, nos pacientes com cirrose avançada, o Diabetes Tipo 2 aumenta de 4 a 5 vezes o risco de câncer de fígado.

Vamos explicar melhor. Quando há glicose no organismo, o pâncreas libera a quantidade exata de insulina para que ela seja metabolizada. Porém, o vírus da Hepatite C acaba alterando e instalando a resistência periférica a insulina com uma pequena quantidade dela, o que acontece, então, é que a taxa de glicemia cai, mas não se normaliza.

O que deve ser feito nesses casos?

Pessoas portadoras do vírus da hepatite C apresentam um risco até quatro vezes maior de desenvolver a diabetes do tipo 2. Mas quando eliminamos o vírus do organismo, o risco de desenvolvimento dessa doença diminui consideravelmente.

Por isso, o ideal é que a pessoa saiba que é portadora do vírus para fazer o devido tratamento e prevenir-se contra as doenças relacionadas ao vírus C como a cirrose e o tumor de fígado. E a única forma de saber se ele está presente no organismo é realizando um exame. A boa notícia é que há uma significativa redução no aparecimento deste tipo de diabetes após a cura da Hepatite C com medicamentos antivirais.

Ele é muito rápido, simples e também indolor, realizado por meio da coleta de uma pequena gota de sangue, que será analisada para observar se o vírus está ou não presente no organismo. Esse exame recebe o nome de anti-HCV, e está disponível também na rede pública de atendimento médico.

Vale lembrar que estima-se que 70% das pessoas que contraíram o vírus da hepatite C não sabem que são portadoras dele. Isso contabiliza em média 2 milhões de pessoas. Por outro lado, em 97% dos casos é possível obter a cura com o tratamento do o vírus.

Então, uma das formas de prevenir as formas crônicas do vírus C e suas consequências é o tratamento do vírus da Hepatite C. Mas não se esqueça de que também é fundamental manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos. Dessa forma você manterá o seu organismo saudável e terá mais qualidade de vida.

Confira também, meu vídeo relacionado sobre o tema, abaixo:

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Profº Dr.Luiz Carneiro

CRM: 22.761/SP

Diretor do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, professor da FMUSP e chefe do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP.

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